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sábado, 29 de outubro de 2011

A África é aqui

O que Pernambuco e a África têm em comum? Alguns podem achar que é a cultura, outros podem citar a música. A verdade é que as semelhanças entre os dois locais são bem mais presentes do que se pode imaginar. Pontos turísticos, pratos típicos, artesanato, religião. É só dar um ′passeio` rápido por algumas das maiores manifestações de Pernambuco, que você vai logo identificar a presença africana no nosso dia-a-dia. Montamos um roteiro especial para você aproveitar o que há de melhor no estado sob a ótica africana.


Imagem: Edvaldo Rodrigues /DP/ D. A Press
Cruz do Patrão
- Apesar de ter sido construída pelos holandeses no século 17, no istmo que liga o Recife a Olinda, o ornamento é uma relíquia da cultura africana em Pernambuco. Segundo a tradição, o local é tido como mal assombrado porque lá se enterravam escravos. No entanto, escavações realizadas na região nunca encontraram restos humanos. Atualmente, a Cruz do Patrão é alvo de um projeto o Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) para restauração do ponto turístico.


Imagem: Inês Campelo/DP/D. A Press

Porto de Galinhas - Um dos balneários mais visitados de Pernambuco, a 70 quilômetros do Recife, também possui resquícios da sociedade africana. O próprio nome do local foi
criado pouco depoisda abolição da escravatura, quando os negros continuam sendo
escravizados clandestinamente. Como no Recife havia fiscalização, os negros eram
desembarcados numa praia próxima e escondidos em engradados de galinha d`angola.
Utilizando a senha "Tem galinha nova no porto!", os contrabandistas anunciavam a chegada de escravos. Com o passar do tempo, pescadores foram se aglomerando nesta vila, que hoje, é um das prais mais badaladas do Nordeste.  


Imagem: Ricardo Fernandes/DP /D. A Press

Sítio do Pai Adão - Também conhecido como terreiro Obá Ogunté, o terreiro está localizado  no bairro de Água Fria, no Recife, e foi contemplado com um incentivo para garantir a manutenção da tradição religiosa africana na cidade. Com 134 anos de história, o espaço celebra o culto à nação nagô de Oyó, originária da Nigéria de onde veio Ifatinuke, que por aqui passou a ser chamada Inês Joaquina da Costa e logo após sua morte, foi assumido por seu filho Pai Adão. Um dos principais pontos do sítio é o terraço onde o sociólogo Gilberto Freyre e Pai Adão trocavam idéias sobre a religião africana. O quarto do balé, onde os negros cultuam os seus ancestrais. O Pegi, local dos rituais, sacrifícios e oferendas e a capela dos santos católicos, que funciona atualmente apenas como museu religioso.


Imagem: Setur / Divulgação

Casa da Cultura - A antiga Casa de Detenção do Recife foi construída em 1850, funcionou como penitenciária durante 118 anos, sendo tombado pela Fundarpe em 1980. Pesquisadores contam que naquela época não havia tanto temor em relação aos presos, que, pela centralidade em que se encontrava o presídio, participavam ativamente do cotidiano da cidade através de um trabalho social de reintegração. Havia uma preocupação com a inserção da instituição na vida social do bairro e até da cidade, inclusive conta-se que o melhor pão da região era aquele produzido pelas mãos dos detentos na panificadora do presídio. E os pentes de chifre e as coleções de jogo de botão fabricados ali tinham fama pela sua qualidade. Além disso, o primeiro estandarte do Vassourinhas foi bordado também dentro do presídio. Tudo isso sem falar que os detentos ainda formavam times de futebol e tinham uma biblioteca à sua disposição.


Imagem: Arquivo/DP/ D. A Press

Igreja do Rosário dos Homens Pretos - Está situada no Sítio Histórico de Olinda e é o primeiro templo erguido por negros no Brasil, no século 17. Construída com o objetivo de aproximar os escravos da religião católica, a igreja possui grande valor histórico, mesmo sem trazer as marcas artisticas e aristocráticas da época. A cultura afro está presente em todos os pontos da igreja, incluindo o altar-mor, que traz a imagem de São Elesbão - um dos raríssimos santos negros - acompanhado da representação de Moisés Negro. Na capela, podem estão expostos as ossadas de diversos escravos que foram enterrados no local. 


Artesanato produzido pelo quilombo. Imagem: Conceição das Criolas/ Divulgação

Associação Quilombola de Conceição das Criolas - Está localizada no município de Salgueiro, a 550 km de Recife e é um dos grupos reconhecidamente remanescente de Quilombo no estado. As cerca de 200 famílias que lá residem produzem, de forma artesanal e sustentável, objetos utilizando a palha do caroá. No início, a atividade artesanal do quilombo era combater a situação de fome, a miséria e a violência do local. No entanto, o reconhecimento do trabalho, que já ultrapassou as fronteiras do Brasil, tornou Conceição das Criolas referência em cultura e empreendedorismo.


Imagem: Juliana Leitão/ DP/ D. A Press

Culinária - A presença africana na culinária pernambucana é tão forte quanto na sua cultura. O dendê a pimenta malagueta são duas entre as heranças mais presentes, tanto de forma direta, sendo utilizados como ingrediente; quanto no complemento à mesa dos pernambucanos. Um dos pratos tipicamente brasileiros, a feijoada, é talvez a maior contribuição africana ao nosso cotidiano. A receita é resultado da adaptação do negro às condições adversas nas quais viviam os escravos, que utilizavam sobras de carne e o conhecimento da culinária para criar o prato. Se vocé está no Recife e ficou com água na boca, a dica é apreciar uma boa fejoada em locais tradicionais como a Dobradinha do Gordo, localizada no bairro da Torre ou na Feijoada do Vavá, que conta com filiais no Ipsep e Jaboatão dos Guararapes. 

Por Elian Balbino - Pernambuco.com

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